Já não se faz mais Reggae como antigamente. Essa frase pode parecer antiga e comum, mas retrata muito bem o momento em que o cenário musical de nosso país se encontra. O Reggae virou um produto e, muito ruim em sua grande maioria. Mesmo sendo ruins, estes produtos só estão na "crista da onda", pois tem público para consumi-lo, e o maior responsável por essa mercadoria pobre é a mídia sem escrúpulos, que faz uma tremenda lavagem cerebral nos ouvintes, que não têm a oportunidade de escutar o que chamamos de verdadeiro "Reggae Music", seja roots ou não. Dessa maneira, o público é obrigado a se contentar com o que é divulgado e não pode conhecer os pioneiros do ritmo de jah.
Artistas como U Roy, que iniciou animando os bailes como DJ de sound-systems, ou também o vendedor de discos paraense, o dono de radiola Riba Macedo, que começou a tocar o reggae entre os forrós e merengues em São Luís. Sem falar nos jurássicos nacionais, Chico Evangelista, que cantou o "Reggae da Independência", e Raimundo Sodré, famoso graças ao reggae "A Massa". Edson Gomes na Bahia, Luís Vagner, Jualê, Walking Lions e João Terra em São Paulo, Dionorina, Ras Bernardo no subúrbio do Rio e tantos outros que eu poderia citar, os “bambas do Reggae”, estão esquecidos pelos meios de comunicação de massa.
Fora alguns que nunca nem ouvimos falar, e que infelizmente, não estão mais entre nós, mas jamais poderiam cair no esquecimento. Suas músicas representam o que há de melhor. São riquezas na qual quem viveu à época, sente a falta. Até porque o bombardeio de canções com linhas melódicas pobres e letras descaracterizadas é tão grande, que o Reggae virou um verdadeiro modismo. O que reclamo é justamente a falta de bom senso da mídia e produtores que não dão chance para convivermos com o bom gosto e o ridículo. Hoje em dia só podemos conviver com a segunda opção, fazendo com que nossas mentes se tornem vagas e aceitemos com mais facilidade coisas pobres e sem nexo.
Eu como profissional da imprensa, já tive a oportunidade de ouvir por ai, entre várias personalidades que fazem um bom Reggae, inclusive as quais consideramos a parte boa, e todos foram unânimes em afirmar que analisam o mercado musical do momento como algo sem renovação. Apesar de estarem surgindo alguns bons valores, logo eles são forçados a entrar no “eixo do momento” e acabam virando cobaias e cópias baratas de gravadoras e produtores que mantém o monopólio do cenário.
É preciso acordar! Não vamos deixar os saudosos e verdadeiros pioneiros do Reggae Nacional no esquecimento. Chega de desgastar a imagem de Bob Marley com um mês de Tributos à esmo que promovem a contradição de seus pensamentos! Será que só os "gringos" enxergam a nossa boa música? Se vocês repararem, em cada estilo musical há um grupo ou cantor que levantou a bandeira e representou em grande estilo a camisa desse time. Já chega de descaso. Só em nosso país, enfrentamos o descaso das autoridades na saúde, na segurança, na educação e em outras áreas que não preciso nem citar. No Reggae, nem que tenhamos que voltar a ser underground, mas ainda é tempo de mudar!
Fonte: Barbara Villar
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