São Paulo é uma cidade onde tudo deve ser encarado com certa desconfiança. Aqui, todo mundo é muito complacente, Se o paulistano engole esfiha do Grupo Sérgio e show de banda cover sem pedir um galão de sal de frutas, é porque o estômago já vem calçado de fábrica contra azia. Seja como for, as bandas de reggae aqui se reproduzem como hamsters. Duas mãos já são insuficientes para contar: Nomad, Walking Lions, Jai Mahal e os Pacíficos da Ilha, Radical Roots, Luís Vagner e Amigos Leais, Cacau Gamb e Otrabanda, Nova Jóya, TC, Banda Luanda, Lumumba, Simsemilla, etc.
Se onde há fumaça há fogo (ôpa!), SP não tem só banda, mas platéia. Estabelecer um marco na crescente ebulição do reggae aqui é atropelar uma longa história, mas dá para afirmar que o caldeirão ferveu quando dois radialistas especializados no gênero levaram suas pick-ups para as badaladérrimas casas noturnas da cidade: Otávio Rodrigues fincou sua bandeira verde-amarela-e-vermelha no Aeroanta, Jai Mahal faz o mesmo no Dama Xoc. Em pouco tempo, as quartas-feiras começaram a girar mais catracas que os fins de semana.
De repente, cada banda tinha seu público fiel e sua página escrita no folclórico cordel reggae da cidade. Ainda que a maior parte destes grupos atue de longa data, a travessia do anônimo beco para a passarela da fama rolou em 90. Naquele ano, Dagô Miranda (Radical Roots) subiu no palco do Projeto SP para cantar ao lado de Junior Marvin (Wailers), Luís Vagner também recebeu a banda que já foi de Bob Marley para uma canja no Aeroanta, o Sinsemilla excursionou até Caxambu (MG), e a coletânea Reggae Vibrações(que reune 5 das bandas acima citadas) começou a virar realidade. Enfim, 90 foi o ano do renascimento reggae em Sampa.
Agora a coisa ganhou contornos mais entusiásticos do que se esperava. Em 91, o Brasil entrou de sola na rota dos principais artistas de reggae do mundo. Quase todo final de semana alguém é anunciado como “a nata da Jamaica”. Sem dúvida, é bem melhor poder contar com shows internacionais que viver balizado pelo monocórdio desfile dos pseudo reggaemen paulistanos. Afinal, salvo raras excessões, as bandas daqui devotadas ao gênero são como pizzarias de entrega a domicílio: umas piores, outras melhores, muitas tão indispensáveis quanto apenas medianas. Essa matéria foi publicada na Revista Bizz Super Especial Reggae em maio de 1991, e que 11 anos após considero muito atual.
Fonte: Celso Masson
'Reggae'
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