28/10/2002
Reggae e Política! Sim, somos filhos da militância!
 
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Infelizmente, para grande parte dos jovens, falar sobre política é perda de tempo. Mas será que virar as costas à realidade que nosso país enfrenta é uma atitude digna de brasileiro? As desigualdades sociais, a fome, a mortalidade infantil, a falta de moradia, saneamento básico, saúde e educação de qualidade estão aí. Mais um presidente foi eleito. E, falando como jovem, o que nos deixa desanimado é questionar: Será que vai fazer diferença?

Em respeito ao meu país e pensando no meu futuro, ouso discutir e agir politicamente porque sei que as mudanças que o Brasil precisa também dependem de mim como cidadã, pois a forte alma de um militante não se faz presente nas mesas dos empresários engravatados ou nos jantares dos burgueses. A música carrega a militância e o sentido de denúncia mais do que qualquer outro tipo de expressão. Bob Marley foi o maior músico-militante da América.

Músicas como "War", "I Shot the Sheriff" e "Get up Stand Up", foram as denúncias de maior influência para que as eleições jamaicanas de 1976 promovessem as mudanças que o povo precisava. O ídolo máximo do reggae é o único artista da história da América que é respeitado e aclamado no mundo todo, desde quando estava vivo, até hoje, e, como não podia ser diferente, foi perseguido por manifestar seu pensamento libertário.

Chegou a sofrer um atentado a tiros em sua casa e por isso exilou-se em Londres onde apadrinhou o reggae pela Europa e o fez conquistar o mundo. Outro importante militante, também através do reggae, foi Hugh Mundell. Em 1978 gravou o disco "Africa Must Be Free By 1983" lutando pela emancipação da África. Mas, coincidentemente no mesmo ano da emancipação, no auge de seus 21 anos, foi baleado e morto após uma banal discussão sobre um refrigerador, nos deixando a idéia de que teria lutado e cantado mais se tivesse dado tempo.

Enxergar as inúmeras desigualdades e não se anular ou calar diante delas é a primeira atitude de quem não é conformista, está pronto pra lutar pelas mudanças e correr os riscos de ser perseguido por suas idéias. É por isso que quando começo a desanimar, questionando se o novo presidente vai ser melhor ou ao menos diferente, é que respeito os muitos que já lutaram através da música e das manifestações, e que me lembro que nós também fazemos a diferença.


Fonte: Amanda Lacerda








 
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