29/07/2018
ROCKERS! Membros originais do clássico longa metragem fazem história no SESC Campo Limpo!
 
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O dia 28 de julho de 2018 entrará para a história do reggae music em solo brasileiro. O SESC, já conhecido pela extrema qualidade de seus shows e por apoiar a vinda de nomes pra lá de lendários como Wailing Souls, Tiken Jah Fakoly e Barrington Levy, agora se supera mais uma vez trazendo uma atração inédita em nível mundial.

Trata-se nada mais nada menos que uma homenagem oficial aos 40 anos de um dos filmes mais icônicos do reggae, "Rockers, It’s Dangerous", e ainda com a participação dos membros originais da obra, como o icônico Big Youth, Kiddus I e o caricato protagonista Leroy "Horsemouth" Wallace. O espetáculo é uma das várias intervenções artísticas impulsionadas pela exposição "Jamaica! Jamaica!".


(Capa do LP "Rockers")


A apresentação contou ainda com o grandioso Lloyd Parks - com sua banda We the People - e Kush Art. Após imponente abertura de Monkey Jhayam, mandando suas letras em cima dos maiores riddims do reggae, chegava a hora de testemunhar a história diante de nossos olhos.

OS ’PERIGOSOS’ ROCKERS


Mesmo o mais informado e preparado espectador se surpreendeu nos primeiros minutos de show. Que peso, senhoras e senhores! A We The People, sobretudo com o mestre Lloyd Parks, ditaram a imponência do ritmo, e Horsemouth - como uma espécie de ’mestre de cerimônia’ - conduzia o público na reinterpretação do filme em formato de show.

E como foi emocionante ver essas músicas envolta nessa atmosfera do filme, como "Money Worries", "Book of Rules" e a clássica "Satta Massagana". Se não bastasse a execução impecável das canções, de tempos em tempos Horsemouth fazia algumas participações relembrando passagens marcantes do filme, como a cena - refeita ao vivo - onde após ele ser empurrado ao chão pelo pai da personagem Sunshine, faz um breve discurso sobre o Rastafari.


(Cena do discurso de Horsemouth)


Nós não somos violentos. Somos Rastas, somos da PAZ! Não roubo, nem trapaceio. Eu sirvo SELASSIE continuamente! Digam os fracos de coração o que quiserem... Nós somos como uma árvore plantada perto de um rio. E nem o cão que mija nos muros da babilônia escapará do julgamento! Todas as crianças testemunharão o dia... EM QUE A BABILÔNIA CAIRÁ!"

O show seguiu pesado com clássicos da soundtrack como "Slave Master", "Natty Take Over" e "Police and Thieves", cantada brilhantemente pelo baixista Lloyd Parks. Em vários momentos a participação de Big Youth como toaster era um brinde para essa vertente da cultura.

O setlist também passeou em músicas próprias dos artistas, que embora não fizessem parte do filme, foram muito bem-vindas, como "Hit The Road Jack" de Big Youth e "Mafia" de Lloyd Parks.


(Horsemouth e Big Youth)


Um ponto alto do show foi a execução de "Graduation in Zion" com o próprio vocal de Kiddus I, sendo esta considerada a canção preferida por muitos apreciadores desta obra-prima.

Nas já citadas intervenções de Horsemouth, uma especialmente marcou a noite. O baterista recita "Jah no Dead" com um som de água corrente ao fundo. Trata-se de uma alusão a uma das cenas mais belas deste filme, quando Horsemouth, sentado ao lado de um rio, ouve o grande Burning Spear cantar "Jah no Dead" acapella (sem nenhum instrumental). Foi de arrepiar.

HORSE TIME! O QUE HOUVE?


Em um dado momento do espetáculo, Horsemouth anuncia o "Horse Time", parte aparentemente de mais destaque desta figura do filme. Conhecido mundialmente como um exímio baterista, Horsemouth, após assumir a bateria, errava viradas, perdia ritmo e outros pecados inadmissíveis e estranhos vindo de um músico tão competente.

A coisa se tornou ainda mais estranha quando ’Horse’ largou a bateria que tocava para assumir um dos microfones. Percebendo que ficaria um "furo instrumental", o baterista de Lloyd Parks correu para assumir o posto no instrumento. Foi aí que Horsemouth voltou para a bateria e praticamente expulsou o músico em baixo de uma breve discussão.

Aparentemente os outros membros da banda não gostaram da atitude de Horsemouth e o show desandou sensivelmente. A performance, que vinha sendo impecável até ali, começou a revelar problemas de sintonia, erros de ritmo, cantor errando letra, enfim, uma situação que ninguém conseguiu entender.

Infelizmente, entre as músicas finais estavam "We a Rockers" e "Tenement Yard", que foram executadas de forma estranha e displicente, e o show rumou para seu fim com essa "instabilidade sonora". Por sorte, digamos que somente 15% do show foi prejudicado.

Mas uma coisa é certa, nem esta situação adversa foi capaz de tirar o brilho dessa apresentação histórica, que agora vai rumar para seu segundo e último show no Brasil, no SESC "24 de Maio". Imperdível!


Fonte: Equipe Surforeggae





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