O Natiruts é conhecido além de tudo por sua versatilidade e criatividade, fato que deixa a banda sempre em evidência por tantos anos. Angariando fãs de todas as idades e estilos dentro do próprio reggae, a banda agracia o público reggae com versões das músicas do álbum "Raçaman" em DUB, feitas pelo mestre Mad Professor. A parceria com o famoso produtor já vem de longa data, inclusive parte do próprio Raçaman foi produzido no estúdio de Mad, o Ariwa.
Agora a fusão de estilos traz um resultado surpreendente, e 4 músicas foram previamente escolhidas para os fãs apreciarem em seu website oficial. São elas: "Raçaman", "Fogueiras de Desilusões", "Vento, Sol" e "1996". A vertente mais sinistra do reggae caiu como uma luva nas composições de Alexandre, isso porque a pegada "abrasileirada" do Natiruts deixam as pirações de Mad Professor ainda mais atraentes com todos aqueles efeitos, ecos, trocas de canais, etc.
Visite o site oficial (www.natiruts.com), e confira as 4 músicas disponíveis. Logo abaixo, leia a entrevista que o Surforeggae fez com Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts. Lembrando que em 2012, além da novidade do "Raçaman DUB", a banda irá gravar um dvd acústico com os maiores sucessos de sua carreira. Sucesso à vista!
ENTREVISTA COM ALEXANDRE CARLO
 1 Surforeggae: O Mad Professor já é um velho conhecido do público brasileiro, quando e como se deu a aproximação do "Mad" com o Natiruts e para a banda que é considerada a mais popular do cenário brasileiro, o que representa trabalhar com um produtor musical de renome internacional?
Alexandre: Chega um momento da sua carreira que você já dividiu palco com todas as bandas clássicas que você ouvia das antigas. E também você percebe que sua própria banda já tem uma história. Aí a coisa se transforma mais numa relação de sintonia e amizade do que de adoração. O Neil, que todos conhecem como Mad é meu amigo, freqüenta a minha casa quando vai à Brasilia e nesse meio tempo a gente faz um som.
2 Surforeggae: O DUB ainda não é uma vertente do reggae muito popular e divulgada no Brasil. A grande maioria dos grandes mestres já se foram, dando lugar a novos produtores, a grande maioria não-jamaicanos e dentre esses, poucos conseguiram de fato se consolidar no mercado internacional. Na própria Jamaica onde já foi tradição os discos inteiros virem acompanhados com versões DUB isso já pouco ocorre. Você acha que apesar da grande importância e mesmo sendo tão interessante, o DUB deu uma diminuída de marcha em termos de indústria fonográfica?
Alexandre: Não sei se o formato Dub é para ser algo popular. É muito experimental. Nas antigas o Dub e reggae eram novidade. Hoje são tradição. E a industria vive em torno das novidades. E os românticos da tradição.
3 Surforeggae: Evidentemente que em outros setores o DUB continua forte, sobretudo em apresentações ao vivo onde muitas bandas utilizam seus recursos nos shows. Como representante de uma grande banda e que já se apresentou também em outros países, qual sua opinião do ponto de vista nacional e internacional do estilo?
Alexandre: Para mim a maior contribuição do Dub é no sentidos das texturas que você pode alcançar no som, independente do estilo. Um exemplo é o tábua de esmeraldas do Jorge Ben que eu nem sei se foi intencional, mas é um disco bem Dub.
4 Surforeggae: Não tirando os méritos do grande Mad Professor que é uma lenda viva, se vocês tivessem oportunidade de convidar algum outro grande mestre (mesmo os que já se foram) para trabalhar com vocês, quem seria?
Alexandre: Bom, com a mesma tradição no Dub do Neil eu só conheço o Lee Perry e o King Tubby. Mas em termos de bom gosto e competência temos outros nomes sem duvida.
5 Surforeggae: É muito bom que bandas de destaque do cenário nacional, sobretudo as que conseguem transpor as barreiras do público somente do Reggae e alcançar ouvintes de outros estilos estejam divulgando a cultura DUB. Vocês por acaso já pensaram também em gravar alguma música com Toasters estrangeiros ou brasileiros?
Alexandre: Pra mim, toasters, rapers e repentistas fazem a mesma coisa. A arte de rimar. Já fizemos com Funk Buía e Gog. Então seria muito natural repetir a dose.
6 Surforeggae: Estamos perdendo aos poucos grandes nomes da fundação do Reggae, a maioria deles vítima da falta de divulgação. Muitos desses importantes figuras e responsáveis por moldar muita coisa nos seus primórdios e provavelmente 90% do público sequer ouviu falar deles. Um dos exemplos é o King Stitt que está muito doente. O que você acha disso?
Alexandre: A gente cai naquela mesma discussão de sempre. A visão sobre o negro que aparece nos vídeos antigos de reggae, tocando com um violão faltando três cordas, é que aquilo é magico, é sensacional. E cria um pensamento, uma opinião de que aquilo é o significado de roots. Onde para mim que sou negro, de pai, avô, e bisavô, aquilo é sinônimo de precariedade, falta de oportunidade, algo que precisa mudar, e deve ser dissociado da nossa cultura. Favela não é miséria. Favela é o samba, o reggae, a capoeira, a ciência, a magia. Miséria é o câncer. Não sei se o caso do King foi falta de divulgação. Até porque é normal no meio reggae a gente reclamar de falta de espaço e ao mesmo tempo reclamar de quem aparece.
7 Surforeggae: Como foi que surgiu a ideia de gravar esses DUBs? Quais são as músicas produzidas e como elas serão disponibilizadas pros fãs?
Alexandre: Quando fomos para Londres em 2009 a idéia e o combinado com o Neil era apenas mixar o Raçaman. Mas ele gostou do disco e fez os dubs espontaneamente para nós. Tudo na hora, sem ensaio. São esses que estamos disponibilizando.
Fonte: Equipe Surforeggae
 'Natiruts'
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