20/05/2003
Lançamento: Dub side of the Moon, o Psicodélico do Psicodélico de Pink Floyd!
 
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No aniversário de 30 anos o clássico Dark side of the moon ganha esta versão inusitada. O título, Dub side of the Moon, é auto-explicativo: trata-se da versão dub do mais importante disco do Pink Floyd. O pai da idéia é o coletivo nova-iorquino Easy Star All-Stars, liderados pelos produtores Michael G e Victor ’Ticklah’ Axelrod, um dos mais celebrados nomes do reggae contemporâneo.

O dub é o reggae em psicodelia máxima. Nascido na Jamaica dos anos 1970, das mentes de gênios como Lee Perry e King Tubby, é caracterizado principalmente pela ênfase no baixo e bateria, aliado a muitos ecos e efeitos de estúdio. O dub foi primeiramente utilizado como recurso para produzir os lados B dos compactos, versões alternativas das músicas lançadas na época. Acabou crescendo e se tornou praticamente um gênero musical independente. Antes restrito a um clube de admiradores, como produtores e músicos, atualmente é a forma de música jamaicana mais difundida, seja na sua forma mais pura, seja através de experimentações, principalmente com a música eletrônica.

Portanto, não é de se estranhar que os caminhos do dub e do Pink Floyd tenham se cruzado. Ambos possuem elementos ultra-psicodélicos, desenvolvidos em estúdios cada vez mais modernos e cheios de recursos. No entanto, Dub side of the moon não se trata de um simples remix das versões originais em roupagem reggae. Todas as músicas foram regravadas em estúdio e autorizadas pelos compositores originais, incluindo Roger Watters, na época o principal compositor da banda. Embora cada um deles tenha recebido uma cópia do disco, ainda não se tem notícia do que eles acharam do resultado final. Uma curiosidade é que o baixista do Easy Star All-Stars, Victor Rice, é figura fácil no Brasil e, além de arranhar um português, tem um apartamento em São Paulo.

As participações especiais vão desde o tradicional trio The Meditations, em Eclipse, à Gary ’Nesta’ Pine, vocalista do The Wailers, em Money, passando por figuras menos conhecidas por aqui, como Dr. Israel e Sluggy Ranks. Money, aliás, é um dos melhores momentos do disco. Aqui, o conhecido ruído de caixa registradora que abre a música é substituído pelo borbulhar de um bong, o acender de um isqueiro e o som de alguém tossindo, após uma forte baforada - adivinhem de quê.
Time também não fica atrás, e é responsável pelo primeiro grande momento reggae do disco.

É nessa música que você provavelmente vai dizer pela primeira vez: "mas o que esses caras estão fazendo?!", frase que com certeza se repetirá ao longo do disco. Obedecendo a ordem original do álbum, temos antes Speak to me e Breathe, que por serem curtas não permitem um mergulho mais pronfundo no ritmo jamaicano, e On the run, numa versão drum ’n’ bass neurótica.

Ao longo das nove músicas, Dub side of the Moon é fiel ao original. O cuidado foi tanto que se procurou manter idêntico o tempo e a levada das músicas, ainda que em outro ritmo. Mantiveram-se as primorosas passagens de uma faixa para outra, cuidadosamente elaboradas pelo engenheiro de som de Dark side of the Moon, Alan Parsons. O disco flui ininterruptamente, exatamente como há 30 anos. Uma prova desse grau de cuidado é o fato de ser possível fazer a falada sincronia entre o disco e o filme O mágico de Oz, com instruções no encarte e tudo.

Para completar, mantendo a tradição do dub, o disco encerra com quatro músicas de bônus com títulos pra lá de interessantes. São ’versões das versões’, feitas com mais liberdade e menor preocupação em seguir à risca os originais. Dub ao quadrado, portanto. Time version substitui os vocais por uma melódica, espécie de escaleta, celebrizada no mundo do reggae por Augustus Pablo, que faz valer o disco. Fechando o álbum vêm Great dub in the sky, versão para Great gig in the sky, Step it on the rastaman scene e Any dub you like, versão de Any colour you like.

O disco saiu nos Estados Unidos em fevereiro e ainda não tem previsão de ser lançado no Brasil. Algumas lojas de discos importados têm cópias, se preço não for um problema. Enquanto Dub side of the Moon não sai por aqui, dá para matar a curiosidade no site da gravadora, www.easystar.com, que disponibilizou quatro músicas. Tanto os fãs de reggae quanto os de rock podem escutar sem susto - é material de primeira.


Fonte: Bruno Natal





'Dub Side of the Moon'


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