28/01/2003
Confira a entrevista com a banda Ponto de Equilíbrio realizada pelo DJ Marcello Tux de São Paulo!
 
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 1. Tux: Como foi o primeiro contato de vocês com o reggae e com a filosofia Rastafari ?
Lucas Kastrup: Eu comecei a ouvir reggae desde a infância, sou o 4º filho de uma família, e não lembro direito mas desde meus 7 ou 8 anos junto com meus irmãos já ouvia reggae lá em casa, então com 10 anos o primeiro disco de reggae que eu fui comprar na loja, foi o Lute para viver do Cidade Negra, depois com 11 anos eu comprei o Talkin Blues de Bob Marley, onde comecei a procurar mais que meus irmãos, comprando livros e discos e de repente eu entrei numas de querer tocar bateria, aí com 13 anos eu entrei na aula, e com 14 anos montei minha primeira banda de reggae, com meu primo e um amigo nosso, e a banda se chamava os Dreads Imortais, chegou a tocar nossa música na rádio Imprensa do Rio, fomos entrevistados, fizemos alguns shows, mas meu primo deve que se mudar e tive que acabar tocando outros estios, para não ficar sem tocar, até formar novamente o\uma banda que tivesse o reggae na veia, cheguei a tocar Blues, Rock.

Mas foi apenas quando eu fui pro Sana (RJ) que é um lugar onde a vibe regueria rola forte, que eu conheci o Rodrigo Fontenele, que é nosso percussionista que também tinha vontade de montar uma boa banda de reggae, e o Márcio e o Pedro pegaram meu telefone, daí marcamos e começamos a ensaiar, eu tinha a letra da música Árvore do Reggae” e o André já tinha as letras de Lágrimas de Jah e Odisseia na Babilônia, logo depois o Hélio fez Rastafará e começaram a surgir outras músicas conforme ganhávamos entrosamento nos ensaios.

No caso do Rastafarianismo, nós pesquisamos muito, tanto musicalmente como espiritualmente, cada um vai buscando se aprimorar e tentando pegar elementos do rastafarianismo, procurando sempre se aprimorar, valorizar a natureza, limpar o organismo através de uma alimentação mais pura para também o espírito também esteja puro, através dos tambores, para que se aperfeiçoando cada vez mais você fique próximo de Deus, porque o Rastafarianismo é o Eu & Eu, porque o Eu & Eu sou Eu & Deus, Eu & Meus Irmãos que procuram os mesmos ideais de positividade.

2. Tux: Quais são as influências musicais de vocês? Nacionais e Internacionais?
Pedro: Reggae Jamaicano é a nossa influência mais forte músicos como Sly & Robbie, fora isso a galera que fazia a música mais raíz, no caso da música brasileira, muito samba, bossa nova, agora também está entrando uma influencia de música americano,ou mais latina como Jazz, mas as principais influências vem de Bob Marley, Israel Vibration, The Gladiators, Pablo Moses, Burning Spear, Ernest Ranglin, Skatalites, Yabby You, Abyssinians, Fredy Locks, Ras Michael, Meditations, agora nacional, pegamos um pouco do Jorge Bem, Tom Jobim, Cartola, no meio do Jazz, vem Charlie Parker, Dilly Diussepe, Miles Davis, basicamente isso.

3. Tux: Porque com tanto feeling e ritmo vocês não fazem nenhum cover de outras bandas?
Hélio: Diante dos reggae que a gente ouvia, a mensagem influênciava a gente a pensar em muita coisa, então a gente ficava com vontade de passar a nossa mensagem, principalmente eu que sou vocal, o Lucas que é baterista, e o André que é o guitarrista, nós já até fizemos uns covers, e até fazemos entre nós nos ensaios, mas mesmo quando nós fazíamos covers ainda, a idéia era de estar fazendo um repertório com músicas nossas até porque as idéias nunca se acabam, e a gente sente que nunca vai se acabar, porque a fonte sempre é eterna quando a coisa vem do coração. Então do lance cresceu junto com a vontade de mostrar nossa música, porque tem uma banda de Niterói que a gente via que é a banda Unidade Punho Forte, que também levava muita música própria e eles influenciaram um pouco a gente também, porque a mensagem é rasta, assim como na música jamaicana.

4. Tux: Já que vocês já fizeram alguns covers de outros músicos, citem alguns exemplos deles pra gente:
Hélio: Bom eram covers de Bob Marley, tipo Soul Rebel, Them Belly Full, Rat Race, Slave Driver, War, Burnin and Lootin, Stop That Train, mas muitas dessas nós nem chegamos a tocar em público, apenas pra gente mesmo, durante um ensaio, mas uma que marcou muito foi Ter feito uma Jam Session da música Soul Rebel com a Tribo de Jah no Tributo a Peter Tosh aqui em São Paulo que marcou muito a gente, com a galera toda participando.

5. Tux: Pelo que eu pude ouvir de outros músicos do meio regueiro e também cariocas o público de São Paulo tem uma calorosidade maior do que o público carioca. Porque vocês acham que existe essa diferença?
Hélio: Bom no começo quando a gente chegava pra tocar nos picos lá no Rio, a galera ficava muito parada mesmo, acho que até pela nossa atitude assim de passar uma mensagem mais ideológica, mas a galera de São Paulo se solta mais mesmo que a do Rio, acho que por causa da força que o movimento ganhou aqui em SP, porque no Rio não existem produtores, rádios e DJ`s dando força pro Reggae raiz como aqui, a gente tem que ficar correndo atrás, junto com outras bandas, que estão querendo levar o reggae com o coração, por isso lá no Rio não está tendo muito show, a coisa rola mais nas praças, só assim a gente tá conseguindo um público maior de reggae no Rio, e em São Paulo a galera já tá muito mais agitada, porque toca muito nas rádios e nas festas, rola um carinho maior pelas bandas de outros lugares, só que lá no Rio a galera ainda tá se soltando, mas ainda é muito pequeno comparado ao movimento de outros estados.

6. Tux: Então já que vocês falam que o movimento regueiro tá meio fraco ainda no Rio, o que vocês acham que deve ser feito para o movimento crescer nas regiões que o Reggae ainda não tem tanta força como no Rio ?
Hélio: Ë a união mesmo, dos produtores, das bandas, dos patrocínios, terem uma percepção de que as pessoas estão começando a gostar de reggae, não somente como coisa de músicos que falam a verdade e tem que passar fome, eu acho que acontece muito o Lance da Segregação.

Márcio: Patrocínio é fundamental, porque o movimento já provou em outras regiões que não é uma coisa tão descriminada, como as associações que fazem, ou que julgam o público regueiro, é uma galera que procura mensagens de tranqüilidade, paz de união, ordem essa é que é a parada não somente baderna !

7. Tux: No Tributo a Peter Tosh que rolou em Outubro, vocês foram a banda revelação mais esperada pela galera, e corresponderam à altura a expectativa desse público. Como chegar para tocar pela segunda vez em São Paulo e ter toda essa receptividade, com a galera cantando todas as músicas de vocês ?
André: Ë muito bom ter o trabalho reconhecido, é gratificante, porque era o propósito de quando a gente se encontrou e começou a tocar junto como o Lucas já explicou. E a gente foi recebido aqui em São Paulo muito bem, porque o nosso trabalho vem de Deus, e tudo está dando certo, nós mesmos, como uma família um ajudando o outro, todo mundo aqui tem a cabeça no lugar e sabe o que está fazendo.

Hélio: no começo eu sempre pensei pra que muitas pessoas pudessem receber nossa música e nossa mensagem e fossem atingidas pela nossa vibração, e nossa vontade de querer influenciar o coração que é um só na filosofia dos Rasta que tudo é um só, o Eu & Eu, e nunca pensei que tinha que ser surpreso de um dia estar tocando pra muita gente porque outro dia a gente poderia estar tocando pra quase ninguém, que a gente tinha que ser sempre a mesma coisa, porque o mais importante é o amor e a mensagem que tem que ser passada, o Ponto de Equilíbrio é um ponto em comum dentro de cada ser, porque todos somos uma só coisa mesmo.

8. Tux: Fora as bandas que dividiram o palco com vocês no Tributo a Peter Tosh, como por exemplo, Leões de Israel, Tribo de Jah, Sensimilla, Jah Live, Salvação e outras, quais foram as bandas que já tocaram em outros eventos com vocês ?
Hélio: Do Rio tem Unidade Punho Forte, Noção Rasta, Resgate da Raíz, Ipê, Rasta fé, Filhos da Luz e Raízes que Tocam, Arawak que é de Goiânia, de Brasília tem Jah Live e o Jah Carreggae que a gente admira muito além de Edson Gomes que também é ídolo.

9. Tux: Hélio, muitas pessoas que eu conversei, dizem que a fórmula do sucesso do Ponto de Equilíbrio e o conjunto de uma banda extremamente raiz, misturando mensagens e temas sociais revolucionários sendo cantados por um vocalista de uma voz que mescla gritos estridentes com suaves sussurros e uma entonação diferente do reggae convencional. Qual é a real técnica que você utiliza?
Hélio: Em primeiro lugar é o sentimento, mas eu queria explicar um negócio, a minha mãe é uma pessoa que tem a voz bem aguda e fala bem auto, e eu cresci indo pra terreiro de Umbanda onde a galera canta muito auto e com um tom agudo, e o meu pai ele também cantava e me influenciou a cantar desde pequeno, e ele cantava muito no banheiro música árabe eu pequeno ouvia e tentava imitar, foi misturando essas coisas todas com o reggae, que é o que eu amo, com todo tipo de reggae raiz, que é a minha vida mesmo, e foi assim que eu adquiri esse modo meu de cantar.

10. Tux: De onde vem as inspirações para compor e como a letra é depois transformada nesses acordes tão bem elaborados ?
André: Cada um tem uma maneira de compôr, eu posso falar um pouco de mim e o resto do pessoal dá o seu depoimento, eu no caso, tem acorde que vêm em melodia porque a inspiração é uma fonte divina ela está em todo lugar, então você respira a inspiração, então é bom você canalizar isso, que se transforma em acordes ou se transforma em frases soltas, daí eu vou juntando isso, e aí daqui a pouco chega outro com uma outra estrutura, aí mistura um acorde com outra frase e misturando tudo isso no Estilo de raíz.

Mas com a galera às vezes o Pedro faz um baixo e outro puxa um refrão, uma frase no meio de um improviso de um acorde que a principio seria só instrumental, tem uma música que não está no CD chamada ”Ame sua Missão” que saiu num improviso no meio dum show, daí a gente tentou tocar e aperfeiçoou, por isso que a gente começa a trabalhar e trabalhar, e aparecem coisas que as pessoas que ouvem gostam, porque aquilo é verdadeiro, vem da cadência natural do cotidiano de cada um de brasileiro que tem a ver com o lance do reggae Jamaicano.

11. Tux: Então só pra esclarecer melhor aos leitores, tem músicas que são criadas primeiramente a melodia e os acordes e as letras vêm depois ou o contrário ou até mesmo é criado tudo junto ?
André: Às vezes já tem uma letra, depois botamos os acordes, ou contrário

Lucas: Mas rola muitas também que rola de vir letra e melodia junto ou seja praticamente rola de tudo. (risos).

Hélio: A gente ensaia muito e cria as coisas na casa do Rodrigo, passa um pro outro e depois vai pro em prática no estúdio.

12. Tux: Por falar em inspiração de onde surgiu a inspiração para compor um dos maiores sucessos de vocês, que é a música: “Aonde Vai Chegar ?”
Lucas: A gente tava num ensaio na casa do pessoal do Resgate Roots de Niterói , que é uma galera que mora numa favela, chamaram a gente para participar de um aniversário do baterista e a gente foi lá participar, então comemoramos o aniversário dele ensaiando, as duas bandas juntas, meio que uma Jam Session, no meio de um descanso o Pedro puxou um baixo, daí me deu uma vontade de cantar, então eu levantei e peguei o microfone e cantei o refrão: “Aonde você vai chegar assim, Aonde você vai chegar assim seu assunto principal é falar mal da vida alheia, mas isso é coisa feia, é sim, isso é coisa feia, oh” Daí o Helinho gostou muito e todo mundo no ensaio das duas bandas achou muito legal, tinham até outras pessoas da favela assistindo ao ensaio, tinha uma moça negra que se empolgou e começou a dançar como se ela já conhecesse a letra de muito tempo, isso daí me motivou a cantar com vontade porque parecia que ela estava vivendo aquilo também, então o Hélio achou muito boa, então fomos depois pro estúdio e o Helinho completou a letra, mas praticante a letra é dele e o refrão é meu.

13. Tux: Mas o que levou você a se expressar dessa forma, passando essa mensagem, o que estava passando na sua cabeça pra você estar recebendo essa inspiração para uma letra tão forte ?
Lucas: O fato de estar sempre buscando falar a verdade, fazer coisas boas para que isso reflita na nossa vida, buscando se melhorar como pessoa e as pessoas vendo a gente sempre fazendo coisas erradas, então melhorar pra todos, quando eu erro com alguém me faz muito mal, eu não quero mais errar com ninguém, a gente está aqui nesse plano ainda aprendendo, ninguém é tão perfeitamente evoluído para ser perfeito, então a gente tem mesmo que errar mas para aprender a refazer certo através do erro, porque eu sou um rasta e tento sempre melhorar em relação a tratar as pessoas e serem cara que possa trazer bons pensamentos, bons fluídos, trazer a energia positiva e a luz, e muitas pessoas não querem, querem te ver por baixo, não aceitam, então essa letra é em mensagem para essas pessoas não percam tempo tentando falar dos outros que cuidem dos defeitos de si próprios.

Hélio: A outra parte da letra fui eu que complementei porque eu já passei muito do que fala a letra, porque eu cresci num lugar onde as crianças tinham um vício de falar mal uma da outra e aquilo trazia uma tristeza muita grande nas crianças daquela rua, tanto que eu tive que me afastar dali daquele lugar e nesse mesmo momento que essa música foi feita eu também estava novamente passando por coisas que tinham haver com a letra, então foi muito fácil eu expor meu sentimento na música.

André: Outra coisa também que rolou depois que a gente estava tocando a música direto e começou a se firmar lá no Rio, e agora que as coisas no meio regueiro de lá estão se firmando, e muita gente via esse resultado e ficava fofocando por trás, só que agora as pessoas estão refletindo mais sobre a própria letra e estão presenciando os resultados que estamos tendo, e já estão ficando mais solidários e pensando mais antes de falar

14. Tux: Qual a origem do nome da banda? E o surgimento do nome Ponto de Equilíbrio ?
Thiago: Como todos sabem, somos todos de Vila Isabel e a gente começava a ouvir o Reggae e fazia em violão bongo, e queríamos mesmo era tocar o reggae raiz, foi quando nós encontramos a primeira vez no Sana, e tiramos Concrete Jungle que foi quando apareceu o Lucas com o Rodrigo Fontenele e o André que já tinham um trabalho antes.

André: Fora isso, como o Thiago falou nós somos todos de Vila Isabel, então antes fora o contato que veio através do reggae, eu já conhecia o Helinho antes de ouvir reggae, o Marcelo eu conheço desde o carrinho de neném que nossas mães levavam ele e o irmão gêmeo dele pra passear de carrinho junto comigo e minha mãe. Uma parada bem família mesmo, o Pedro e o Thiago eu conheço desde que tinha uns seis anos de idade, O Helinho eu conheci mais pra adolescência, só o Lucas e o Fontenele que a gente veio a se conhecer através do reggae mesmo.
Sobre o nome o Lucas que teve a idëia desse nome então a melhor pessoa pra falar é ele.

Lucas: Sobre o nome a gente já ensaiava mas ainda sem nome e não tinha nome ainda, aí eu num sei como, deve ser a inspiração divina, graças a Jah eu pude Ter esse canal e acordei com esse nome na cabeça, a primeira viagem que a gente tava fazendo pro Sana juntos como banda eu peguei e falei pro Marcelo tive uma idëia uma inspiração pro nome da banda, que tal Ponto de Equilíbrio, daí eles gostaram e a gente começou a comparar o nome com a ideologia da gente, como a raíz de uma árvore que é o que faz ela ficar de pé. E todo o equilíbrio que vem da natureza como o Helinho já tinha falado o ponto em comum que temos entre nós, não só entre as pessoas mas os seres espirituais a natureza, as estrelas somos todos um só.

Hélio: Nessa época eu tava meio encrencado numa banda de Rap que não ía pra frente, e um amigo meu veio me falar de um pessoal de uma banda de reggae e nós começamos a fazer um som juntos com violão e percussão, daí chegou o Lucas na Bateria e o Fontenele na outra percussão, daí o Pedro comprou um baixo e as coisas vieram fluindo, várias letras aparecendo, foi então que a gente se deu conta que a banda estava formada.

15. Tux: Na atual situação do nosso país, qual seria na opinião de vocês a solução para a mudança?
André: A situação que estamos vivendo ainda é muito difícil porque ainda estamos em processo de transição, não houve tempo pra arrumar muita coisa e em quatro anos também não haverá ainda, mas isso devido à anos e anos de exploração, onde houve a escravidão dos negros, as desigualdades sociais, onde até mesmo alguns brancos colonizadores já vieram pra cá com uma condição inferior do que a que viviam na Europa, dos países de primeiro mundo, mas pra reverter tudo isso não depende só também de Ter um partido de esquerda no poder, porque as mudanças vem da base, uma mudança significativa precisa vir do povo, que tem que se unir e ir influenciando os outros a sua volta pelo lado positivo, só assim é que vamos conseguir acabar com esse egoísmo.

Porque medidas políticas podem ser tomas e tudo mas enquanto houver o egoísmo ainda, eles os políticos vão continuar definindo pra quem é que vai a maior fatia do pão, e quem fica com as migalhas. Enquanto não pararmos de nos enxergar como diferentes e não como irmãos, enquanto houver classe rica e classe pobre, o índio o negro e o amarelo, não haverá o real progresso. Eles colocam isso no meio pra que a gente se divida entre a gente enquanto eles estão lá mamando no poder.

Lucas: No Momento que o Brasil está com um novo presidente eu torço para que o Lula venha fazer um bom trabalho, mas isso não vai acontecer enquanto não tirarmos essa mentalidade de colônia. Temos a Amazônia que tem a cura de doenças eu ainda não existem.

16. Tux: O som de vocês tem um estilo próprio e muito radical, que é o inverso do que o mercado fonográfico almeja. Vocês vão permanecer com esse estilo, ou agora que o reconhecimento do trabalho está chegando vocês pretendem mudar o estilo para alcançar um público maior e mais exigente?
André: Eu fico contente de ser reconhecido como radical, porque mostra o que a gente faz é natural, mas num momento de pobreza não só financeira, mas de originalidade, é legal saber que você faz um monte de coisa que os outros acreditam e que as pessoas já estão cansadas de escutar as mesmas coisas, o que falta é uma parada que abrange o tema mais revolucionário, fora o pessoal mais importante que já está aí no cenário do reggae a um certo tempo, como Edson Gomes, Sine Calmon, que são mais respeitados, eles vêem trazendo esses temas radicais mas cada um a sua maneira. Enquanto a gente puder tocar nesse assunto, vamos continuar falando da verdade sendo verdadeiros.
Existem muitas bandas surgindo falando de praia de namorar, não que isso também não seja importante, todos aqui gostam e sabem a importância devida disso mas sentimos necessidade de falar de outras coisas que o movimento Rasta cita.

Hélio: Tem gente que prega a bíblia na rua, tem gente que prega o Buda no Templo,
A gente prega a verdade, se outras pessoas abrirem os olhos direito, verão que não só o Ponto de Equilíbrio que é radical, tem outras bandas, mas na minha opinião é preciso ser radical é preciso se ajudar, e fazer um esforço a mais para ajudar a um todo, e é isso que a gente quer, influenciar e trazer o bem, e não pretendemos mudar nosso estilo tão cedo.

17. Tux: Sobre esse tema no caso religião, que vocês não pregam nada da bíblia, ou até sobre o rastafarianismo, vocês podem enfatizar algo sobre isso ?
Lucas: No que ele disse que a gente não prega a bíblia, não que a gente chegue no show e fique pregando mas faz parte da nossa vida, ele quis dizer que ela faz parte da gente, a verdade, mas não que sejamos seguidores, mas faz parte da minha vida, eu tento interpretar, mas nós somos rastas não comemos carne nem bebemos álcool porque a gente entende que isso é uma poluição pra nossa alma, e para ajudar a trazer a purificação do espírito a gente tenta se limpar para fazer a abertura do canal , porque a religião, o Rasta por si só tenta estabelecer a sua comunicação com Deus, e ele deve estar puro para atingir, Eu tenho minhas orações leio trechos da bíblia, mas procuro buscar o Jah dentro de mim, sempre cada vez mais amadurecido, mais munido, até porque tem um trecho que está na bíblia que mais importante do que entra pela boca do homem e o que sai. O que vai te fazer um rasta é a sua integridade, não adianta você fugir, você tem mais é que se encontrar porque Deus tá em todos os lugares, tá no seu pensamento, não adianta fugir disso, cada um é um templo, então por isso é bom estar purificado para que sempre Deus abite dentro de nós.

André: O Rastafarianismo ele por si é uma religião universal, ele prega que todos nós somos iguais e ele fala que através de Haile Selassie que é Rastafari I, ele foi o rei negro que nos trouxe a revelação, através dele os negros e consequentemente todos os homens da terra puderam olhar para a raiz da criação, ele vem da Etiópia que é o país Cristão mais antigo do mundo que fica no continente de onde tudo começou que é a África, de onde vem toda a humanidade. O Rastafarianismo surgiu agora no início desse século, mas ele tem tendências de muitos séculos atrás, ele vem do tempo de Moisés junto com suas leis, e na bíblia você tem isso, só que de uma forma distorcida que durante todos esses anos a igreja e todo o aparato do sistema mudou de forma a escravizar todo o povo que era o povo de Israel e todo povo que não fosse a favor do sistema, então o que acontece através da bíblia a gente pode filtrar certas coisas que acontecem na nossa vida.

Nada Dogmático, ninguém chegou pra mim e falou, você não deve comer carne vermelha, eu entendi que aquilo estava me fazendo mal e comecei a parar de comer carne vermelha, parar de beber e percebi que com essas atitudes, tudo em minha volta começou a mudar, os dreads foram outras coisas que me ajudaram muito, me ligou cada vez mais a minha espiritualidade, foi o fato das minhas raízes saírem da minha cabeça.

Hélio: Pra mim o Rasta é muito enfático na natureza, Marcus Garvey pregou que surgiria um rei negro na África, descendente de Salomão e que todos os negros que foram roubados da África deveriam retornar para a terra mãe. E tudo que o Lucas e o André falaram mais o ciclo natural.

18. Tux: Qual a previsão para o lançamento do novo trabalho de vocês e que temas vai abranger?
Hélio: A gente ainda está comercializando essa demo a mais ou menos um ano, é um trabalho inicial com a intenção de demonstrar mesmo, só que a gente está começando a gravar outras músicas, mas meio que em período de pré gravação, compondo músicas novas e regravando outras que estão nessa primeira Demo, pra consolidar mesmo o trabalho e mostrar um disco de qualidade, porque a gente quer mesmo é apresentar um trabalho de qualidade para o nosso público, queremos fazer uma coisa bem trabalhada de repente uma faixa ou outra dub, a gente curte bastante também.

É a nossa pegada mesmo, a gravação da primeira demo foi no final do ano passado, de lá pra cá a gente já evoluiu bastante, estamos cada vez mais dub, cada vez mais nyahbing e nesse novo CD talvez a gente venha mostrando também uma nova tendência, regravando músicas como “Aonde você vai chegar assim”, “Árvore do Reggae”, “Ponto de Equilíbrio” que tão bem, mas nós já estamos fazendo com outra levada e talvez umas outras músicas da mesma época mas que não saíram no primeiro disco, mas eu acho que ainda está muito cedo pra estar falando de temas ou data de lançamento do nosso próximo disco.


Fonte: DJ Marcello Tux





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